quinta-feira, 1 de março de 2012

Tradução: O Nascimento de Mewtwo - Apresentação


Quem não se lembra dos Pokémon?
...Ok, pergunta estúpida.  Vamos ao que interessa:

Remember me? :D
No dia 19 de Março de 2000, inúmeras crianças eufóricas de Portugal tiveram a oportunidade de ir ao cinema ver pela primeira vez o primeiro filme dos Pokémon:  Pokémon O Filme - Mewtwo Contra-Ataca,  a história de como Mewtwo, um Pokémon clonado a partir do ADN do Mew, o Pokémon mais raro do mundo, se vira contra a Humanidade por tê-lo, err, criado sem autorização, por assim dizer, enquanto ao mesmo tempo tenta provar a sua superioridade ao original.

Embora eu não tenha sido uma dessas crianças, acabei por ver o filme em VHS, e desde aí sempre tive lhe tive um apreço especial, devido em grande parte à excelente dobragem portuguesa que teve.  Falarei disso mais a fundo eventualmente, mas por agora digamos apenas que, mesmo através do diálogo traduzido da malfadada versão americana (versão muito abreviada: “o direito à existência não se ganha ao lutar” =/= “lutar é errado”), é possível ouvir uns laivos daquilo que estava por trás da personalidade do Mewtwo original através da performance do nosso grande (hehe) Carlos Freixo.  Um detalhe ao qual eu não deixo de achar graça, já que não me parece que houvesse acesso fácil (ou até mesmo interesse em aceder) à versão japonesa do filme nessa época.

Sim, porque o que as crianças que arrastaram os seus pais ao cinema para ver este filme naquele dia não sabiam, e que eu também só descobri uns anos depois, é que o filme que estavam a ver estava... Adulterado. Não só tinha sido editado em termos do conteúdo e do diálogo (mais do que o normal para animação japonesa vinda dos Estados Unidos), como também estava incompleto, notoriamente com um corte enorme – quase 10 minutos – no princípio do filme.

Em que consistiam esses 10 minutos? Bem, vejam por vocês próprios (ou não, se não quiserem SPOILERS para o que aí vem):



Há várias teorias sobre a razão que levou a 4Kids (a empresa responsável pelas dobragens norte-americanas do Pokémon até 2006) a cortar este segmento do filme, particularmente depois de aparecer assim, dobrado, num extra do DVD do episódio especial “O Regresso de Mewtwo”.  As hipóteses mais populares são: 1, porque o material era demasiado pesado para miúdos (morte, divórcio, questões éticas), ou 2, porque queriam o Mewtwo como um vilão mais frio e directo, para não haver confusões a distinguir entre bons e maus.
Pessoalmente, acho que esses factores podem ter sido importantes, mas eu digo que foi também pode ter sido por medo a que os miúdos se entediassem se o Ash e Companhia não aparecessem mais cedo no filme.  Porquê?  Bem, a música de fundo deste segmento não está em mais lado nenhum,  e não me parece que fossem gastar tempo e dinheiro a compor música nova de propósito para um extrazito de DVD – para não falar de que o início do segmento acabou por aparecer ainda na cassete VHS.  Daí concluo que a decisão pode muito bem ter sido uma das últimas a serem implementadas antes do filme sair para os cinemas.  ...Para não falar de que até mesmo o filme japonês nunca mais traz isto à baila, o que, em retrospectiva, é lamentável, mas adiante.

Daww.
Na verdade, as origens deste segmento estão ainda mais atrás no tempo.  A verdade verdadeirinha é que o primeiro acto inteiro do filme, ou uma versão inicial dele, já tinha passado na rádio japonesa uns meses antes do filme estrear, na forma de uma rádio-novela intitulada “O Nascimento de Mewtwo”.
Digo que será uma versão inicial porque, de facto, tem diferenças marcadas daquilo que podemos observar no filme final, e não falo só da diferença temporal (dos 20 minutos do filme para os 50 da rádio-novela) – desde simples pormenores a notas de história sobre personagens estabelecidos que nunca foram tocadas desde então.  De facto, não tenho dúvidas de que a rádio-novela fosse para ser adaptada quase na íntegra quando o filme ainda estava planeado como o grande final da série do Pokémon, como o primeiro trailer parecia indicar:


De qualquer forma, até hoje tenho muita pena que este segmento não tenha chegado em forma nenhuma às mãos dos estúdios da Matinha quando dobrou o filme.  Tinha imensa curiosidade em saber como soaria em português – se tivesse de conjecturar, e julgando quão prolífica ela era na altura, diria que a Carla de Sá podia muito bem ter dado voz à Amber, e que o Mewtwo mais novo provavelmente teria à mesma a voz do Carlos Freixo.  Hei, se o Frank Welker consegue soar a um adolescente convincente mesmo depois de 40 anos, de certeza que aqui o Freixo também consegue.

Mas, tendo conseguido encontrar uma tradução para inglês da rádio-novela original online (o site onde a arranjei já nem está activo), pensei:  posso não poder ouvir isto em português, mas e que tal se eu mesma a traduzisse, para ao menos poder imaginar como seria?

Pois bem, é isso que vos trago hoje.  Durante os próximos dias, vou publicar a minha tradução da rádio-novela “O Nascimento de Mewtwo”.  Só lamento não poder disponibilizar a rádio-novela em si, mas se houver alguém interessado em seguir a tradução com o som, acho que se consegue encontrar algures online.  Tentei manter o Português o mais corrente e correcto possível sem alterar o significado geral, para que se pudesse seguir facilmente com a novela.  O que foi complicado, diga-se – traduzir de uma tradução inglesa quase literal do japonês já não é pêra doce (“Talks of profit go like the super express bullet trains.” ...Errghhhh).  Daí que algumas partes soem um pouco afectadas.  Mas enfim.

Espero que gostem!
-ARC


P.S.:  Já agora, tiro o meu chapéu a todos os pais que tiveram de passar o Dia do Pai a ver o filme do Pokémon.  Pobres coitados.


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